Na China, onde 80% do aquecimento de água é feito com energia solar, Rizhao, uma cidade de 3 milhões de habitantes, tem em 99% das casas aquecedores solares, que ocupam uma área de 500 mil metros quadrados
Washington Novaes (wlrnovaes@uol.com.br) é colunista do “Estado de SP”, onde publicou este texto:
Qualquer que seja o rumo que tomem daqui para a frente as negociações entre os países membros do G-8 e os chamados emergentes, a respeito de compromissos para redução das emissões de gases que intensificam o efeito estufa, essas metas obrigatórias acabarão acontecendo para todos.
União Européia e Japão já as aceitam. Em algum momento, Estados Unidos, Rússia e os próprios “emergentes” as aceitarão em alguma medida. Porque o quadro que se desenha é muito grave. E as últimas dúvidas já foram eliminadas.
Quem duvidar que leia na edição de 19 de maio extensa documentação da revista New Scientist (Climate change: a guide for the perplexed). Além do mais, em todos os setores responsáveis pelas emissões os avanços tecnológicos vão ocorrendo, na mesma medida em que cresce substancialmente o uso de energias renováveis não-poluentes.
E num horizonte de algumas décadas não haverá como escapar ao esgotamento das fontes de combustíveis fósseis, principal fonte energética no mundo, hoje.
Uma das áreas de energia alternativa que mais avanços tem registrado nos últimos tempos é o da energia solar. A cidade de São Paulo mesma está para aprovar, na Câmara Municipal, projeto do prefeito Gilberto Kassab que torna obrigatória a instalação de aquecedores solares em novos prédios construídos com mais de três banheiros por apartamento.
Também os novos edifícios comerciais, hotéis, motéis, clubes esportivos, lavanderias industriais, quartéis, hospitais, parte das indústrias, clínicas de estética, entre outros setores, serão obrigados a instalar esse tipo de aquecimento de água.
É um avanço importante. Como lembra a justificativa do projeto, cada metro quadrado de coletor de energia solar dispensa 52 metros quadrados de reservatório de hidrelétrica para produzir a mesma quantidade de energia (e é preciso lembrar a dificuldade progressiva para implantação de novas usinas).
Por ora, o Brasil ainda tem uma proporção pequena desse tipo de equipamento: 1,2 metro quadrado por 100 habitantes, ante 17,5 m2 na Áustria e 3,2 m2 na China - quando 6% da energia produzida no país é consumida por chuveiros elétricos (18% do total nos chamados momentos de pico, no fim do dia e começo da noite). E a substituição pode, depois de pago o investimento inicial, reduzir em cerca de 30% a conta do usuário.
São Paulo não está sozinha nesse avanço. Em Porto Alegre já foi sancionada a lei que obriga as novas edificações públicas a terem sistemas de aquecimento solar de água que cubram, no mínimo, 40% da demanda de energia para esse fim. E a regulamentação da lei, a ser feita, criará incentivos fiscais para projetos que se adequarem.
As fontes de energias renováveis respondem hoje por 13% do consumo total no mundo, graças principalmente às hidrelétricas, geotérmicas e da biomassa. Mas as duas primeiras encontram limites na geologia e a biomassa dificilmente poderá passar de 10% do total.
Por isso as energias solar e eólica são as que mais possibilidades têm de avançar. Principalmente levando em conta a perspectiva de a energia solar em três anos custar 40% menos que hoje, segundo o WorldWatch Institute, que calcula em 1% a parcela atual da demanda mundial de energia elétrica atendida por essa fonte.
A energia eólica responde por 2,13%, com 74,22 GW (no Brasil, 0,13%, com 230 MW). O custo da energia solar caiu de 20 centavos de dólar por watt na década de 70 para 2,7 centavos em 2004.
A energia solar fotovoltaica tem aumentado sua participação em mais de 40% ao ano nos três últimos anos; a eólica, 18% ao ano. Na Dinamarca, 20% da eletricidade é provida por energia eólica.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
ResponderEliminar